"O mais discutido, o mais acarinhado, o mais mimoso e o mais interessante dos instrumentos madeirenses: o braguinha. Alegre e saltitante no som, gracioso nas formas que o tornam bibelot de estima, foi no século passado o enlêvo das damas, talvez o seu confidente nas horas felizes e lenitivo nos momentos tristes. Viveu no fausto dos salões, aquecido nos colos tépidos das meninas românticas, escutando e transmitindo os segrêdos dos seus corações anelantes em melodias que dedos afusados de mãos patrícias delicadamente desferiam... É ainda hoje, em certas casas, uma evocação, uma saudade indelével, um resquício de sonho..."
Por Manuel Morais
O Machete ou Machetinho madeirense oitocentista - vulgo Braguinha - é um pequeno instrumento músico, de corpo ou caixa em forma de oito, braço longo, montado com quatro ou cinco cordas simples. Este pequeno cordofone de mão, ou de corda dedilhada, entronca na grande e diversificada família das violas de mão portuguesas tardo-quinhentista e, da qual, é o seu soprano. A mais antiga menção do Machete (também designado por Machinho), no sentido de instrumento musical, encontra-se na obra de Raphael Bluteau, Vocabulário, 1716: “Machete. Viola pequena” (“Machinho também é viola pequena”); “vem do do Latim, macer, magro, delgado”. Na ilha da Madeira, no último quartel do séc. XIX, o instrumento é designado por Machete de Braga, sendo a partir de finais desse período simplesmente chamado de Braguinha. ler mais
Manuel Morais, Coordenação
Em Novembro de 1860 chegou ao Funchal a célebre imperatriz da Áustria, Elizabeth (1837-1898), conhecida como "Sissi". Permaneceu na ilha da Madeira cerca de cinco meses - por razões de saúde, diz-se - tendo aqui voltado bastantes anos depois, em 1893. Numa fotografia da época, (Photographia - Museu "Vicentes", Funchal) podemos ver esta jovem imperatriz da Áustria e futura rainha da Hungria, empunhando um pequeno machete em jeito de tocar, ladeada por três das suas damas de honor. ler mais